Os protagonistas desse estudo são os fungos Aspergillus terreus e Engyodontium album. Em condições de laboratório, eles foram capazes de degradar até 27% de resíduos de polipropileno em apenas 90 dias, chegando à degradação completa em cerca de 140 dias. Para efeito de comparação, esse tipo de plástico pode levar décadas ou até séculos para se decompor no meio ambiente.
O estudo, publicado na revista científica npj: Materials Degradation, representa um avanço significativo na busca por soluções naturais e sustentáveis para o problema global dos resíduos plásticos. Hoje, é estimado que mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente em todo o mundo, sendo que uma grande parte desse material acaba em aterros sanitários, rios e oceanos, agravando a crise ambiental.
Segundo dados da ONU Meio Ambiente, cerca de 11 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos todos os anos, prejudicando a vida marinha e afetando toda a cadeia alimentar. Tartarugas, aves, peixes e até micro-organismos marinhos sofrem os impactos desse ciclo de contaminação.
Embora ainda seja cedo para aplicações em larga escala, os cientistas destacam que esta é a primeira vez que se comprova, com base em evidências laboratoriais, uma degradação tão rápida de polipropileno por fungos. Os testes foram feitos em condições controladas, com plásticos previamente tratados por luz UV ou calor, simulando as condições que os resíduos enfrentam no meio ambiente.
Os fungos não precisaram de luz solar ou oxigênio, o que abre possibilidades futuras para o uso em biorreatores subterrâneos ou em áreas de difícil acesso.
Ainda que a transformação dessa biomassa fúngica em alimento humano não seja uma realidade no momento — e requeira muitos testes de segurança — a descoberta reforça um caminho: investir em ciência e inovação é essencial para salvar nossos ecossistemas.
A luta contra a poluição plástica não será vencida apenas com reciclagem ou redução de consumo, mas também com o desenvolvimento de tecnologias que permitam lidar de forma eficaz com os resíduos já acumulados.
Este é mais um exemplo de como a natureza, aliada ao conhecimento científico, pode ser uma grande parceira na preservação do planeta.